Esclerose Múltipla: Entendendo a Doença

A esclerose múltipla (EM) é uma condição neurológica crônica, inflamatória e autoimune que afeta o sistema nervoso central — especialmente o cérebro e a medula espinhal. No Brasil, cerca de 40 mil pessoas convivem com a doença, de acordo com a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM).

Embora ainda não tenha cura definitiva, os avanços da medicina já permitem um controle eficaz dos sintomas, possibilitando uma vida ativa, produtiva e com qualidade para a maioria dos pacientes.

O que é Esclerose Múltipla?

A esclerose múltipla ocorre quando o sistema imunológico — que deveria proteger o corpo — passa a atacar por engano a bainha de mielina, uma espécie de capa que reveste e protege os neurônios. Essa destruição, chamada desmielinização, prejudica a comunicação entre o cérebro e o corpo, desencadeando sintomas neurológicos que variam de pessoa para pessoa.

A doença costuma surgir entre os 20 e 40 anos de idade, sendo até três vezes mais comum em mulheres do que em homens. O curso da EM é imprevisível: algumas pessoas apresentam períodos de surtos e remissões (melhoras temporárias), enquanto outras têm evolução mais progressiva.

Por que ocorre a Esclerose Múltipla?

Ainda não se sabe exatamente o que causa a esclerose múltipla, mas pesquisas apontam para a combinação de fatores genéticos, ambientais e imunológicos. Entre os fatores de risco mais estudados estão:

  • 🧬 Predisposição genética (histórico familiar da doença);
  • 🦠 Infecção pelo vírus Epstein-Barr (associado à mononucleose);
  • ☀️ Baixos níveis de vitamina D;
  • 🚬 Tabagismo;
  • 👩 Sexo feminino (a prevalência é maior entre as mulheres).

Estudos também têm investigado o papel do microbioma intestinal, do estilo de vida e da exposição a certos agentes ambientais durante a infância como possíveis influências no desenvolvimento da doença.

Quanto mais cedo o diagnóstico é feito, maiores são as chances de controlar os sintomas e preservar funções neurológicas. Se você tem notado sinais como formigamentos, fadiga intensa ou alterações na visão, agende uma consulta com um neurologista na Central de Consultas pelo nosso site ou pelo WhatsApp (51) 3227-1515. Cuidar agora faz toda a diferença.

Como a Esclerose Múltipla afeta o sistema nervoso?

A EM leva à formação de lesões (ou placas) no sistema nervoso central. Essas lesões comprometem a transmissão dos impulsos nervosos, provocando sintomas como:

  • Fadiga intensa;
  • Visão turva ou dupla;
  • Dormências e formigamentos;
  • Perda de equilíbrio e coordenação;
  • Fraqueza muscular;
  • Problemas de fala e deglutição;
  • Comprometimento cognitivo.

O comprometimento depende de onde estão localizadas as lesões.

Como é feito o diagnóstico da Esclerose Múltipla?

O diagnóstico da Esclerose Múltipla (EM) é um processo complexo que envolve a análise clínica detalhada e a exclusão de outras doenças neurológicas que possam causar sintomas semelhantes, como lúpus, neuromielite óptica ou até deficiências de vitamina B12. Isso porque não existe um exame único e definitivo que confirme a EM — o diagnóstico é considerado de exclusão e exige a combinação de achados clínicos, exames de imagem e testes laboratoriais.

Os critérios de McDonald, atualizados pela última vez em 2017, são amplamente utilizados pelos neurologistas para orientar esse processo. Eles permitem o diagnóstico mesmo após um único surto, desde que haja evidências de lesões disseminadas no tempo e no espaço (ou seja, múltiplas áreas do sistema nervoso central afetadas em momentos diferentes).

Principais exames utilizados no diagnóstico da EM:

1. Ressonância magnética (RM) do crânio e da medula espinhal

A ressonância magnética com contraste é considerada o exame de imagem mais sensível para detectar a Esclerose Múltipla. Ela permite visualizar as chamadas lesões desmielinizantes, áreas em que a bainha de mielina (a “capa protetora” dos neurônios) foi danificada.

  • Lesões típicas da EM costumam aparecer em regiões específicas, como corpo caloso, periventriculares, infratentoriais e medula cervical.
  • O uso de contraste (gadolínio) ajuda a identificar se as lesões são recentes (ativas), o que colabora com a avaliação da disseminação no tempo.

Esse exame não apenas auxilia no diagnóstico, mas também é essencial no monitoramento da progressão da doença e na resposta ao tratamento.

2. Punção lombar (liquor ou líquido cefalorraquidiano – LCR)

De forma complementar, a coleta do líquido cefalorraquidiano é realizada por meio de uma punção lombar e analisa marcadores bioquímicos de inflamação no sistema nervoso central. Além disso, esse exame é especialmente útil em casos atípicos ou nos estágios iniciais da doença.

  • O achado mais característico da EM no liquor é a presença de bandas oligoclonais de IgG, que indicam inflamação crônica e produção de anticorpos dentro do sistema nervoso central.
  • Embora não seja exclusivo da EM, esse achado reforça o diagnóstico, principalmente quando a ressonância magnética não é conclusiva.

3. Potenciais evocados

Esses testes avaliam a condução dos estímulos elétricos nos nervos sensoriais e motores, ajudando a detectar lesões que não causam sintomas aparentes, mas que comprometem o funcionamento neurológico.

Os tipos mais comuns utilizados no diagnóstico da EM são:

  • Potencial evocado visual (PEV): analisa a resposta do cérebro a estímulos visuais. Útil para detectar neurite óptica, mesmo que não haja sintomas no momento.
  • Potencial evocado somatossensorial: avalia a condução do estímulo nos nervos periféricos e espinhais.
  • Potencial evocado auditivo: menos comum, mas pode ser usado em casos específicos.

Qual exame detecta Esclerose Múltipla?

Atualmente, a ressonância magnética do encéfalo e da medula espinhal é o principal exame utilizado para detectar a esclerose múltipla (EM). Isso porque esse exame de imagem de alta resolução permite visualizar alterações características da doença, como lesões (ou placas de desmielinização) no sistema nervoso central.

  • Quando feita com contraste à base de gadolínio, a ressonância permite diferenciar lesões ativas (recentes) de lesões antigas, um critério importante para confirmar o diagnóstico.
  • De acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde, a ressonância é indispensável para a avaliação inicial e o acompanhamento da evolução da doença.

Além da ressonância, outros exames podem complementar o diagnóstico:

  • Punção lombar (líquor): usada para identificar a presença de bandas oligoclonais, que indicam inflamação crônica no sistema nervoso central.
  • Potenciais evocados: analisam a condução elétrica dos nervos e podem revelar atrasos causados por desmielinização.
  • Exames laboratoriais: ajudam a excluir outras doenças que podem simular sintomas parecidos com a EM.

Se você tem sintomas neurológicos recorrentes e sem causa definida, converse com um neurologista. O diagnóstico precoce faz toda a diferença. Agende sua consulta com um neurologista na Central de Consultas através do nosso site ou pelo WhatsApp (51) 3227-1515. Estamos aqui para ajudar você a cuidar da sua saúde neurológica.

Como identificar na ressonância?

Na prática clínica, na ressonância magnética, as lesões causadas pela EM se apresentam como áreas hiperintensas (manchas brancas) visíveis nas sequências T2 ou FLAIR. Em geral, essas lesões afetam áreas específicas do cérebro e da medula espinhal e, além disso, seguem um padrão típico da doença.

As principais características observadas são:

  • Distribuição periventricular (ao redor dos ventrículos cerebrais): lesões lineares ou ovais ao longo das fibras de substância branca.
  • Lesões corticais ou justacorticais: próximas ao córtex cerebral, importantes para o diagnóstico.
  • Lesões infratentoriais: localizadas no tronco encefálico ou cerebelo.
  • Lesões na medula espinhal: geralmente pequenas, focais e assimétricas.

Um dos critérios diagnósticos fundamentais é a disseminação no tempo e no espaço, ou seja:

  • Presença de lesões em mais de uma área anatômica;
  • Evidência de lesões em estágios diferentes (ativadas por contraste ou não).

EM tem cura?

Atualmente, a esclerose múltipla não tem cura, mas é possível viver com qualidade. Os avanços na medicina, especialmente com as terapias imunomoduladoras e imunossupressoras, transformaram a perspectiva da doença nos últimos 20 anos.

  • Pacientes que recebem diagnóstico precoce e aderem ao tratamento adequado têm menos surtos, menor progressão de incapacidades e uma vida ativa e produtiva.
  • A maioria das pessoas com EM consegue manter independência funcional por décadas, especialmente quando acompanhada por uma equipe multidisciplinar.

Existem três principais linhas de cuidado:

  1. Tratamento de surtos agudos (como corticoides intravenosos);
  2. Terapias modificadoras da doença
  3. Tratamento sintomático e reabilitação (fisioterapia, fonoaudiologia, acompanhamento psicológico e nutricional).

Como tratar Esclerose Múltipla?

O tratamento da EM visa reduzir a frequência e severidade dos surtos, retardar a progressão da doença e aliviar os sintomas. As abordagens incluem:

  • Medicamentos modificadores da doença: como interferons, acetato de glatiramer, fingolimode, natalizumabe e outros;
  • Corticosteroides: usados para tratar surtos agudos;
  • Tratamentos sintomáticos: para fadiga, dor, espasticidade, depressão e problemas urinários;
  • Reabilitação multidisciplinar: fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e acompanhamento psicológico.

Dados brasileiros sobre a Esclerose Múltipla

  • A prevalência da EM no Brasil é estimada em 8 a 15 casos por 100 mil habitantes, com variações regionais;
  • Estudos indicam que a maioria dos diagnósticos ocorre com atraso superior a 2 anos, o que impacta o prognóstico;
  • O SUS oferece tratamento gratuito com medicamentos de alto custo, conforme o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde;
  • A ABEM promove apoio a pacientes e familiares, e é uma referência nacional em educação sobre a doença.

A esclerose múltipla é uma condição complexa, que exige atenção médica especializada, diagnóstico precoce e um acompanhamento contínuo. Embora ainda não tenha cura definitiva, os avanços no tratamento e na reabilitação permitem que milhares de pessoas no Brasil e no mundo vivam de forma ativa, produtiva e com autonomia. Com a combinação certa de terapias, apoio emocional, hábitos saudáveis e acompanhamento multidisciplinar, é possível reduzir os surtos, desacelerar a progressão da doença e preservar a qualidade de vida.

Agora, mais do que nunca, informação confiável e acessível é uma aliada essencial. Por isso, estar atento aos sinais, buscar orientação médica e aderir ao tratamento são atitudes que fazem toda a diferença. Além disso, lembre-se: você não está sozinho. Isso porque há uma rede de apoio pronta para acolher, orientar e caminhar junto — da família aos profissionais de saúde e às instituições, como a ABEM.

Se você ou alguém próximo apresenta sintomas neurológicos recorrentes, não ignore. Agende uma consulta com um neurologista. Na Central de Consultas, estamos aqui para cuidar da sua saúde com acolhimento e responsabilidade. Porque viver bem com esclerose múltipla é possível — e começa com o primeiro passo.

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